domingo, 20 de setembro de 2015

Espelho, espelho meu?


Na História de Branca de Neve, a Rainha ia em frente ao seu espelho mágico e uma voz forte lhe dizia que não havia outra mulher mais linda que ela. Até que um dia, a voz lhe disse “Sim há uma mulher mais bonita que a senhora, ela se chama Branca de Neve!”

O resto é de conhecimento de todos, e a Rainha se transforma em uma velhinha que oferece a jovem, uma maçã envenenada para mata-la. Parece banal, trivial e sem sentido tudo isso, se não buscarmos o real sentido que uma história de contos de fadas possui. Assim como as parábolas de Jesus, as fabulas de La Fontaine ou as de Esopo.

Somos a última espécie, humana, que dotamos a capacidade de abstrair e pensar. Portanto, somos mais evoluídos biologicamente em relação aos nossos ancestrais do Paleolítico, certo? Mas ainda não conseguimos entender os sinais que a vida nos mostra. Presos a caverna do individualismo, das falsidades e até mesmo da mediocridade, nos tornamos inaptos, insensíveis e até mesmo cruéis. Alimentamos a maldade, os preconceitos e consequentemente somos vítimas de nossos falsos valores.
Muitos erroneamente acreditam que o pensamento linear é o mais equilibrado. Apoiados em preceitos e preconceitos, mascaramos as nossas chagas, tal qual fez a Perpétua de Tieta.

Alguns dias atrás, fiz umas micagens em sala de aula tentando explicar o ciclo da evolução biológica e como os nossos ancestrais pré-históricos se alimentavam e viviam. Uma aluna pediu para gravar, e eu autorizei. Sabia que isso ia causar um frenesi em algumas pessoas de minha roda profissional e pessoal. Fiz para provocar, mesmo! Alguns vieram me debochar, outros com certeza fizeram o mesmo em seus redutos. "Todos estes que aí estão/Atravancando o meu caminho,/Eles passarão./Eu passarinho!"

A verdade é que os meus colegas, alunos e demais que me entendem por louco, não poderão jamais sentir é a satisfação do gosto de uma vitória ou até mesmo uma derrota, com o sentimento de “que eu tentei!” A incompreensão destes que se dizem serem certos, retos e lúcidos é no fundo a demonstração de suas impotências.

Honestamente, estes que me criticam por trás, que me rotularam e me rotularão não são mais que pedregulhos do marasmo, da zona de conforto e do padrão que endurece e torna o ser humano incapaz de ver além.  A genialidade, está não em se saber demais, mas como enxerga os fenômenos em nossa volta. Eistein, um dia foi chamado de incapaz, por ser esquisito e viver observando um ninho de formigas, Kant era mal visto pelos seus contemporâneos, por andar pensando em voz alta, Jesus foi desrespeitado e humilhado por dizer coisas que os doutores da religião judaica não queriam ouvir e tantos outros que com certeza estes que me condenam seriam ridicularizadores também. 

Aliás, o que não se entende se joga fora, se inutiliza. O tempo é o senhor da razão.

Não sou gênio, nem um ser de bondade e espiritualidade fora do normal, sou somente um rapaz latino americano, como diria Belchior, que tenta entender o que vê no seu espelho.


Aos que me condenam pela minha irreverência e espontaneidade, mais uma provocação. Será que aturariam as suas aulas?  Aos alunos que buscam no cinismo, a máscara de alívio dos embaraços, não se esqueçam que um dia esta mascara ou cai por força das leis da vida ou é arrancada por nós mesmos quando menos imaginamos. 

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