Na História de Branca de Neve, a Rainha ia em frente ao seu
espelho mágico e uma voz forte lhe dizia que não havia outra mulher mais linda
que ela. Até que um dia, a voz lhe disse “Sim há uma mulher mais bonita que a
senhora, ela se chama Branca de Neve!”
O resto é de conhecimento de todos, e a Rainha se transforma
em uma velhinha que oferece a jovem, uma maçã envenenada para mata-la. Parece
banal, trivial e sem sentido tudo isso, se não buscarmos o real sentido que uma
história de contos de fadas possui. Assim como as parábolas de Jesus, as
fabulas de La Fontaine ou as de Esopo.
Somos a última espécie, humana, que dotamos a capacidade de
abstrair e pensar. Portanto, somos mais evoluídos biologicamente em relação aos
nossos ancestrais do Paleolítico, certo? Mas ainda não conseguimos entender os
sinais que a vida nos mostra. Presos a caverna do individualismo, das
falsidades e até mesmo da mediocridade, nos tornamos inaptos, insensíveis e até
mesmo cruéis. Alimentamos a maldade, os
preconceitos e consequentemente somos vítimas de nossos falsos valores.
Muitos erroneamente acreditam que o pensamento linear é o mais equilibrado.
Apoiados em preceitos e preconceitos, mascaramos as nossas chagas, tal qual fez
a Perpétua de Tieta.
Alguns dias atrás, fiz umas micagens em sala de aula
tentando explicar o ciclo da evolução biológica e como os nossos ancestrais
pré-históricos se alimentavam e viviam. Uma aluna pediu para gravar, e eu
autorizei. Sabia que isso ia causar um frenesi em algumas pessoas de minha roda
profissional e pessoal. Fiz para provocar, mesmo! Alguns vieram me debochar,
outros com certeza fizeram o mesmo em seus redutos. "Todos estes que aí estão/Atravancando o meu caminho,/Eles passarão./Eu passarinho!"
A verdade é que os meus colegas, alunos e demais que me
entendem por louco, não poderão jamais sentir é a satisfação do gosto de uma
vitória ou até mesmo uma derrota, com o sentimento de “que eu tentei!” A incompreensão
destes que se dizem serem certos, retos e lúcidos é no fundo a demonstração de
suas impotências.
Honestamente, estes que me criticam por trás, que me
rotularam e me rotularão não são mais que pedregulhos do marasmo, da zona de
conforto e do padrão que endurece e torna o ser humano incapaz de ver
além. A genialidade, está não em se
saber demais, mas como enxerga os fenômenos em nossa volta. Eistein, um dia foi
chamado de incapaz, por ser esquisito e viver observando um ninho de formigas,
Kant era mal visto pelos seus contemporâneos, por andar pensando em voz alta,
Jesus foi desrespeitado e humilhado por dizer coisas que os doutores da religião
judaica não queriam ouvir e tantos outros que com certeza estes que me condenam seriam ridicularizadores também.
Aliás, o que não se entende se joga fora, se inutiliza. O
tempo é o senhor da razão.
Não sou gênio, nem um ser de bondade e espiritualidade fora
do normal, sou somente um rapaz latino americano, como diria Belchior, que
tenta entender o que vê no seu espelho.
Aos que me condenam pela minha irreverência e
espontaneidade, mais uma provocação. Será que aturariam as suas aulas? Aos alunos que buscam no cinismo, a máscara
de alívio dos embaraços, não se esqueçam que um dia esta mascara ou cai por
força das leis da vida ou é arrancada por nós mesmos quando menos imaginamos.
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